Este calor, que dá cabo de mim aos poucos,
Infiltra-se por todo o meu corpo,
Desce primeiro pela garganta, aquece o meu débil coração,
Faz-me soltar gargalhadas que imaginava impossíveis, há momentos atrás,
Faz-me querer cometer uma loucura, faz-me desejar-te cada vez mais,
Porque de ti, ainda estou consciente,
De ti, ainda me lembro.
Não haverá mais ninguém aqui, para além de mim? Não, sinto-me só; maravilhosamente só.
Mas, oh, há mais alguém! Toda a gente está mesmo ao pé de mim,
E eu consigo ouvir os ecos da minha voz aparvalhada, balbuciando coisas sem sentido.
E todos se riem de mim, e riem-se todos das reacções de cada um.
Oh, e dizia ele que cometeríamos uma loucura! Não, isto sim é uma loucura, um Desvario.
Esta ardência que sinto no meu peito, é a melhor sensação em muitos dias;
Se fosse um pouco maior, se ardesse ainda com mais fervor, talvez eu conseguisse até não me lembrar de ti.
Ou talvez seja uma tarefa irrealizável - talvez eu não consiga simplesmente esquecer-me.
Porque de ti, ainda estou consciente,
De ti, ainda me lembro.
E eu estou aqui, sem ti - contigo -, enquanto o meu peito arde incessantemente,
Por entre risos, e cambaleios, e loucuras sós.
Ah, e eles estão lá à frente, rindo-se comigo,
Sem imaginarem que é de ti que tento esquecer-me.
É a ti que quero esquecer - mas só por trinta segundos.