Fazia parte da secção "O Coração na Mão", e era uma história supostamente verídica sobre a primeira estada em Paris do jovem Rainer Maria Rilke:
O poeta costumava passear - acompanhado de uma rapariga - por uma praça onde costumava estar uma mendiga com a mão estendida. A mulher estava sempre sentada no mesmo sítio, sem olhar para os trausentes nem lhes implorar uma esmola, e também não agradecia quando recebia algum donativo. Embora a sua amiga lhe desse muitas vezes uma moeda, Rilke nunca dava esmola à mulher. Uma vez, a jovem perguntou ao poeta porque é que ele não lhe dava nada, ao que este respondeu:
- É o coração dela que precisa de uma prenda, não a sua mão.
Dias depois, Rilke depositou uma rosa na mão gretada da mendiga. Então aconteceu algo inesperado: a mulher levantou o olhar, e, depois de beijar efusivamente a mão do poeta, saiu do lugar brandindo a rosa. O canto da mendiga permaneceu vazio durante uma semana inteira, após a qual voltou a ser ocupado:
- Mas, do que é que ela viveu todos estes dias, se não esteve na praça a pedir? - perguntou a rapariga.
Ao que Rilke respondeu:
- Da rosa.
Amor em Minúsculas, Francesc Miralles, Contraponto, p. 234
adorei essa citação.
ResponderEliminaresse livro deve ser mesmo muito bom. Ando virada para livros com mensagens e frases poéticas. Acertaste em cheio
beijinho