As pessoas são estranhas.
Só tenho isto a dizer. São ridículas.
São tão estranhas, que nem se apercebem da sua estranheza,
E continuam caminhando, como se nada fosse,
Em direcção ao horizonte.
Mas o horizonte não foi feito para elas,
E não é qualquer um que pode lá chegar.
Também eu tentei, uma vez, tocar-lhe, mas ele fugiu, rindo-se de mim.
O vermelho acobreado contorceu-se, num espasmo de gozo,
E deu lugar a um azul escuro, e sinistro.
E fiquei sozinha, a pasmar perante aquela escuridão,
Com um nó na garganta, e uma lágrima ao fundo do queixo.
Ela nunca chegou a cair.
Uma vez vi que alguém tocava o Horizonte,
Mas depois descobri que não era Alguém.
Era um animal.
Sim, um animal, que se recortava contra a vermelhidão arroxeada,
Uivando, e sacundindo-se todo,
Vitorioso do seu destino.
Quando a noite porfim caiu,
O lobo desapareceu, os gritos silenciaram,
E a calmaria regressou.
A lenda nunca mais voltou.
Às vezes ouço por aí dizer
Que os uivos e os gritos voltarão,
Mas eu não creio nisso,
Porque já não há mais motivo por que gritar,
E o lobo que viu o fim de tudo não pode mais uivar.
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