Talvez um dia, quando deixares de pintar, eu desapareça numa nuvem de fumo ardente,
Mas já não suporto este frio,
Talvez um dia, quando os teus olhos não puderem chorar mais, me ouças, de lá do fundo, gesticulando freneticamente na tua direcção,
Mas já não consigo gritar,
Talvez um dia, quando as tuas tatuagens desaparecerem, ouças o clamor da minha voz, a repetir, vezes sem conta, mil vezes, o teu nome,
Mas já não o consigo pronunciar.
Pintas o mundo numa cor que eu não sei distinguir,
Que eu não sei ver,
Porque ela desaparece assim que estou quase quase a alcançá-la.
A tua pele tingiu-se dessa cor,
E eu já não tento chegar a ti, porque
As tuas tatuagens nunca desaparecerão,
E eu já não consigo apagá-las.